quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Outro...

Estou há muito tempo sem escrever nada neste espaço. Isso ocorre por dois motivos: uma agoniante falta de tempo ou uma pura, e não menos agoniante, falta de assunto. Portanto, como temas mediáticos poderiam me render uma sonora demissão ou seriam extremamente maçantes, terei de apelar ao futebol. Os gremistas que me desculpem.

E mais um se foi...

O nosso futebol foi dilacerado. Alexandre Pato, uma das maiores promessas brasileiras de todos os tempos, se foi. Pelo equivalente ao PIB de um país da América Central, é verdade, mas foi. Exagero? Novembro de 2006. Pato estréia fora de casa contra o Palmeiras. Em seu terceiro toque na bola, a um minuto e meio de jogo, gol. O que se seguiu no estádio que viu Ademir da Guia foi mais três gols, todos com a participação primordiosa do guri magrinho e rápido, muito rápido. Segundo jogo, outro gol, e a classificação à final do Mundial. Terceiro jogo, campeão mundial. Antes de contestar, pense no outro campeão mundial com 17 anos. É, esse mesmo.

A diferença é que os ídolos do passado ficavam anos no clube; Pato ficou meses. O débil futebol brasileiro, reflexo magnífico do país, não tem condições de negar uma cifra com mais de cinco zeros, mesmo com um talento de tal envergadura. Não quando está endividado até os olhos. E estamos falando de um gênio. Mais que isso, de um jogador completo. Sua capacidade de posicionamento, cabeceio, chute e velocidade é muito acima da média. Ah, ele não foi embora sorrateiramente, como aconteceu em casos recentes; deixou um rio de dinheiro ao clube. Mas isso não aplaca a dor no coração dos colorados, que rezavam para que outro Alexandre com sobrenome de ave fosse embora do Beira-Rio.

A qualidade do futebol de Pato é inversamente proporcional à sua oratória. Tudo o que diz ao final dos jogos é "fiz a minha parte, ajudei o professor e os companheiros", mas e daí? Dezessete anos é a idade. Dez milhões – de dólares – é o contracheque.

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