Esses americanos realmente me fazem rir... às vezes.
Pois eis que o senador republicano Larry Craig, do estado de Idaho, é envolvido nesta semana que passou em um escândalo sexual. Nossa memória pode nos remeter imediatamente a Kenneddy (o John, pois Bobby ganhou recentemente um filme no qual é bonzinho) ou a Clinton, nos famosos casos de felação no salão oval da Casa Branca. Pois nossas lembranças, como fazem muitas vezes, enganam; o senador em questão foi associado a assédio sexual em um banheiro... masculino!
O policial, no seu respeitável papel de agente da segurança pública, denunciou o senador e o prendeu no local como vítima de uma investida "lasciva", com "clara intenção sexual". O nobre senador se defendeu dizendo que nada tinha feito de errado e que não era gay. Com essas sábias palavras, ele conquistou a ira tanto da cúpula republicana quanto da comunidade gay norte-americana. Não lhe restava outra saída que não a renúncia. Na despedida, pediu desculpas ao sofrimento que causou à sua família e ao estado que representou por três mandatos.
O hilariante Larry Craig, ultraconservador, representa justamente o partido que inflige todo empeço possível ao casamento homossexual ou a quaisquer direitos a minorias votados (e derrotados) no glorioso Congresso estadunidense. Craig, embriagado em sua empáfia conservadora, esqueceu que ele próprio se inclui no grupo cujos direitos ajudou a revogar. Se esquece que as vítimas de suas sanções tiveram a mesma sensação na pré-adolescência; a mesma atração pelo gênero "errado"; o mesmo sentimento de exclusão alimentado pela sociedade retrógrada que o partido republicano ajuda a construir e a manter.
Dentre os republicanos há também outros casos hilários e intrigantes. O senador David Vitter, por exemplo, um valoroso defensor da moral familiar e dos bons costumes, foi forçado à renúncia após seu nome ser descoberto em um site de procura de "acompanhantes". Ou o deputado Mark Foley, que presidia um grupo dentro do Congresso responsável pela defesa de menores desaparecidos ou explorados. Sim, presidia, pois foi divulgado em rede aberta o conteúdo de linguagem sexual explícita de um de seus inúmeros emails endereçados a adolescentes. Do mesmo sexo, para fins de curiosidade.
A hipocrisia republicana não se detém nas questões de guerra, como podemos ver. Sou forçado a admitir – muito embora ainda esteja decepcionado com meu âmbito – que, graças à imprensa, a roupa suja começa a ser lavada com mais freqüência. No Congresso ou nos banheiros públicos.
Esses americanos são realmente hilários...
domingo, 2 de setembro de 2007
Chora Paris, choro eu.
Caminho só. Solitariamente embalado nos braços frios do vento parisiense. Já não trago o fascínio dos meus primeiros tempos nesta cidade, que certamente é uma das mães daquilo que convencionamos chamar de cultura ocidental.
Já não me importo tanto com esse amontoado de museus, avenidas largas e monumentos mais antigos que o meu país. A falta aguda que causas em mim soube sorrateiramente tomar conta dos meus pensamentos e uma a uma minhas saudades pela família, pelos amigos e pela minha terra cederam espaço a uma única e doída lembrança: a tua.
Não que eu sinta que tenha te perdido, pra falar a verdade nem penso nisso, sinto apenas que esses nove mil quilômetros e um oceano que nos separam me estão privando de ter-te aqui caminhando ao meu lado e pronunciando aquelas poucas palavras que conhecemos da língua de Proust, que por sinal, estudamos juntos.
Depois de percorridas estas ruas, regressarei. Como bom filho, à casa torno. Junto a mim irão estas lembranças e o conhecimento que ganhei – remoído e recordado só fará aumentar. Também levarei a saudade, que agora será de ti, Cidade Luz, e não daquela que deixei e que logo me trará o riso de volta.
Esse texto, magnífico, é da autoria de Felipe Martini, o Pepe – meu colega, meu amigo –, realizado para uma tarefa da aula de Português, onde compartilhamos histórias e escrevemos um sobre o outro.
Se queres ler mais coisas do Pepe, acesse seu blog: http://semeadura.blogspot.com/
Já não me importo tanto com esse amontoado de museus, avenidas largas e monumentos mais antigos que o meu país. A falta aguda que causas em mim soube sorrateiramente tomar conta dos meus pensamentos e uma a uma minhas saudades pela família, pelos amigos e pela minha terra cederam espaço a uma única e doída lembrança: a tua.
Não que eu sinta que tenha te perdido, pra falar a verdade nem penso nisso, sinto apenas que esses nove mil quilômetros e um oceano que nos separam me estão privando de ter-te aqui caminhando ao meu lado e pronunciando aquelas poucas palavras que conhecemos da língua de Proust, que por sinal, estudamos juntos.
Depois de percorridas estas ruas, regressarei. Como bom filho, à casa torno. Junto a mim irão estas lembranças e o conhecimento que ganhei – remoído e recordado só fará aumentar. Também levarei a saudade, que agora será de ti, Cidade Luz, e não daquela que deixei e que logo me trará o riso de volta.
Esse texto, magnífico, é da autoria de Felipe Martini, o Pepe – meu colega, meu amigo –, realizado para uma tarefa da aula de Português, onde compartilhamos histórias e escrevemos um sobre o outro.
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